terça-feira, 19 de outubro de 2010

Birra de charros


doutor preciso de ajuda: os meus clientes não fazem o que lhes digo, batem o pé, choram, gritam e atiram-se para o chão.

esta é uma matéria sensível. eu sei disso, porque já me causou ao longo destes 3 anitos muitos dissabores com clientes. para mim, particularmente, é incompreensível que faça as pessoas estrabuchar e amuar tanto. até porque é uma razão muito pequena:

tem p'raí 6 centímetros. vem em maços de 20. e cheira mal. ora, esta coisa de não se poder fumar em restaurantes não fui eu que inventei. mas há clientes que acham que fui. ouça lá, isto aqui pode-se fumar? -não senhor. e: a cara. aquela que me fazem sempre que eu lhes digo que não. posso trocar os cogumelos da minha pizza por dois ovos estrelados? não. posso sentar a minha família de 21 nesta mesa de 7? não. posso fumar? não. e eles franzem o sobrolho, entortam a boca e abrem as narinas. esta é a cara. e depois claro, bufam.

e desde que esta lei sem fumo saíu que tenho ouvido todo o tipo de desculpas para fumarem à mesa: está a chover. estou muito cansada para me levantar. tenho medo do escuro. ou eu dou-lhe uma notinha. não, não, não e não. meus amigos isto é uma lei e é para cumprir. fisga-se. para mim não há nada mais chato do que ter que me armar em agente da autoridade e estar a tomar conta de adultos. e alguns são tão insistentes que até me fazem fechar os olhos, cerrar os dentes e inspirar bem fundo. oh menina mas não se pode fumar? mas isto já 'tá vazio não se pode fumar? vá lá, deixe-me lá fumar só um cigarrinho. vá, ninguém se importa. não seja assim.

e o pior ainda são aqueles que chegam de calça verde pálido arregaçada, camisola aos ombros e crocodilo do lado esquerdo com as respectivas esposas que tresandam a chanel 5 e querem martinis com cerejas: temos reserva em nome de dótór francisco de alburqueque e vasconcelos. ao fim de duas horas os doutores já perderam todos a pose e o que eles querem mesmo é fumar um à mesa.

e nem que eu diga não com a minha voz séria e profunda eles me ouvem. este é o tipo de pessoas que acha que não tem que receber ordens da empregadita. e acendem. eu vou lá e apagam. eu viro as costas e acendem. eu vou lá e apagam. à terceira digo que chamo a pj, a gnr, a psp e a brigada de trânsito. e eles levantam-se e vão lá para fora de gin tónico na mão. mas ainda acendem o cigarrito antes de sair do restaurante. e guardam o último bafo para quando voltam a entrar. uns verdadeiros filhos da outra é o que vos digo.

às vezes também há aqueles que vão fumar para a casa-de-banho. eu não percebia a lógica disto mas o meu namorado explicou-me que há por aí pessoas que gostam de fumar enquanto fazem o nº2. interessante. também não são raras as vezes que apanho senhoras a sairem de uma casa-de-banho quase em chamas. normalmente são as que deixam à mesa o marido e o bebé. aqui a coisa é mais óbvia: está a amamentar e o marido não alinha em leite com sabor a nicotina para o puto. ai as mulheres, essas matreiras.

mas agora que o verão se está a acabar a coisa só tem tendência para piorar. por isso, este ano, antes que saquem dos cigarros vou já enviar um email ao quintino aires a perguntar como é que devo lidar com clientes destes.
é que de birras de gaiatos percebe ele bem.

Publicada por menina
http://psshtomenina.blogspot.com

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