Comunistas permitem ao PP governar na Estremadura
Por 28 votos a favor e 19 contra o Conselho Político da Estremadura espanhola da coligação Esquerda Unida(IU), que engloba os comunistas, decidiu que os seus três deputados no Parlamento regional vão abster-se, permitindo assim que José António Monago, o candidato do Partido Popular, governe a região. Depois de 28 anos de poder do PSOE, a Comunidade da Estremadura espanhola, um dos baluartes de sempre dos socialistas, muda de mãos.
“A decisão está fora da política federal traçada pela Esquerda Unida”, considerou ontem Cayo Lara, coordenador-geral da coligação. Hoje, a presidência de IU decidirá que medidas adoptará contra os deputados da Estremadura.
“Expulsão é uma palavra forte e a situação é demasiado delicada para avançarmos já soluções”, disse Lara. “Espero que não sejam tomadas sanções, sou professor e digo que hoje já não se usa a palmatória”, comentou Pedro Escobar, coordenador da IU na Estremadura.
Nas eleições autonómicas de dia 22 de Maio, o PP foi a lista mais votada, a um eleito da maioria absoluta. Por isso, era decisiva a opção dos três deputados da IU, dois dos quais se manifestaram abertamente a favor do apoio ao actual presidente e candidato socialista, Guillermo Fernández Vara. Nas assembleias celebradas nas últimas semanas na Estremadura 70 por cento dos militantes manifestara-se a favor de deixar passar o PP, uma decisão que contrariava as orientações gerais de IU – que apostava na formação de executivos regionais e municipais de esquerda.
O que sepassou na Estremadura não é caso único. Em 40 câmaras de todo o país, a maioria na Andaluzia e na região estremenha, o PP chegou ao poder pela não- beligerância – abstenção – da Esquerda Unida.
Com a perda do poder na Estremadura e Castela-Mancha, ao PSOE resta o poder na Andaluzia, comunidade que vai a votos em Março do próximo ano, numa votação que todas as sondagens indicam que vai ser propícia aos populares.
Para além das terras andaluzas, o PSOE governa no País Basco, com o apoio do PP, e integrará os executivos das Canárias e de Navarra, liderados,respectivamente, pela Coligação Canária e União do Povo Navarro. Ou seja, em 2011, face às eleições municipais e regionais de 2007, o PSOE tem 11,7 milhões de governados a menos, o que representa uma perda de 53 por cento do poder autonómico em quatro anos.
Nuno Ribeiro, Madrid
Público • Terça-feira 21 Junho 2011
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