Os votos dos emigrantes
Há coisas que não fazem sentido nenhum. Dizer que «a sua representação política [a dos emigrantes] é mínima, chega a ser humilhante. Os emigrantes elegem apenas quatro dos 230 deputados.
Mais de trinta por cento da população, representada por menos de dois por cento do Parlamento», é absurdo. O sistema eleitoral atribui 226 deputados aos 9,35 milhões de eleitores do território nacional, e 4 deputados aos 167 mil eleitores residentes no estrangeiro que se dignaram inscrever-se. Em ambos os casos, um deputado por cada 41 mil eleitores recenseados.
Não há aí qualquer sub-representação, a não ser no défice de inscrição dos emigrantes, os tais miríficos «cinco milhões» de emigrantes que gostamos de imaginar como portugueses, mas que em muitos casos (mais numerosos nas segundas e terceiras gerações) já nem sequer se considerarão como tal.
Ainda outro dado significativo do desinteresse dos emigrantes pela política nacional é uma taxa de abstenção de 85%, muito acima dos 39% de abstenção dos residentes em Portugal.
O Paulo Morais quereria exactamente o quê? Que os 25 mil emigrantes que efectivamente votam elegessem 70 deputados?
Publicado por Ricardo Alves
http://esquerda-republicana.blogspot.com/2010/06/os-votos-dos-emigrantes.html
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