Visa bloqueia Wikileaks mas nada objecta a racistas
Empresas de cartão de crédito repassam sem problemas doações à ultra-racista Ku Klux Klan. Paypal admite pressões do Departamento de Estado norte-americano.
Os cartões de crédito Visa e Mastercard bloquearam a Wikileaks, deixando de repassar qualquer doação que um cidadão queira fazer à organização dirigida por Julian Assange, mas não opõem qualquer obstáculo se a doação for para a Ku Klux Klan, a mais famosa organização racista norte-americana.
O site do Knights Party, que assumidamente representa a KKK, pede doações que podem ser efectuadas pelos cartões de crédito, que até podem receber instruções para que estas sejam regulares.
Um porta-voz da Visa justificou o bloqueio dizendo estar a fazer uma investigação sobre a “natureza da Wikileaks e se ela contradiz as regras operacionais da Visa”. Já a natureza de uma organização que fazia linchamentos e que sonha com um mundo de supremacia racial branca não parece levantar objecções de maior à empresa.
Casa Branca fez lóbi sobre a Rússia a favor da Visa e da MasterCard
Mas nesta quarta-feira, uma comunicação entre a embaixada norte-americana em Moscovo e a Casa Branca, revelada pela Wikileaks mostra até que ponto estas empresas devem favores ao governo dos EUA.
De facto, a Visa e a MasterCard levaram o governo dos Estados Unidos a fazer lóbi sobre a Rússia para o governo de Moscovo não aprovar uma nova lei sobre transacções bancárias que iria prejudicar as duas empresas.
No telegrama, o presidente Barack Obama é exortado a pressionar o Kremlin para salvaguardar as duas empresas norte-americanas na redacção da lei que cria um sistema russo de pagamentos por cartão.
Um novo consórcio, formado por bancos estatais russos, passará a deter o direito exclusivo de cobrar comissões sobre pagamentos e transferências realizadas por cartão naquele país.
Ficará também vedada a saída da Rússia de qualquer dado das operações realizadas pelos clientes nacionais. Com esta decisão, a Visa e Mastercard antevêem perdas anuais na ordem dos milhares de milhões de euros. A lei russa ainda está em discussão.
Paypal admite pressões
Entretanto, não foi preciso uma fuga de informação para se confirmar o que parecia evidente: a empresa de pagamentos pela Internet PayPal admitiu que cortou o serviço à WikiLeaks depois de uma intervenção do Departamento de Estado norte-americano.
Osama Bedier, vice-presidente da empresa, disse que houve um contacto de representantes do Departamento de Estado que lhe garantiu que a organização estava envolvida em actividades ilegais.
“Nós agimos de acordo com as regras em todo o mundo, assegurando que protegemos a nossa marca”, disse ao diário britânico The Guardian.
Os servidores da Paypal, da Visa e da Mastercard ficaram nesta quarta horas em baixo, devido a ataques de hackers que chegaram a mobilizar 2 mil computadores, segundo o site da empresa de segurança PandaLabs. Os hackers apelidaram a acção de operação “Payback”.
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