segunda-feira, 19 de setembro de 2011

domingo, 18 de setembro de 2011

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

O Beijo do Sol

Meninas sem mamas


O horror nunca deixa de surpreender e agrava-se quando a superstição, o tribalismo, a fé e a tradição se conjugam.

Camarões foi o nome que os portugueses deram a uma região africana a cuja costa iam em busca de escravos no tempo em que sonhavam converter o mundo à fé cristã e onde desistiram de avançar para o interior porque as orações os não poupavam à malária. Hoje é um país do centro de África, com saída para o Oceano Atlântico, a aproximar-se dos 20 milhões de habitantes.

A fé da população distribui-se pelo cristianismo (56%), crenças tribais (23%) e islão (20%), sendo outras crenças quase inexistentes nesta república presidencialista que gravita na órbita dos Estados Unidos da América e da Europa, seus parceiros quase exclusivos nas trocas comerciais.

Neste país, maioritariamente cristão, colonizado por alemães, franceses e ingleses, as tradições tribais atingem o limite da crueldade e da demência. Calcula-se que um quarto das meninas é vítima do esmagamento das mamas, para dissimular a puberdade e evitar – segundo a crença tribal – as violações e gravidezes precoces.

Com pedras quentes e outros objectos planos ardentes sobre as mamas que despontam, as mães e outras mulheres da família procedem à sua destruição convencidas de que, atrasando o crescimento dos seios das meninas, as protegem dos olhares lúbricos dos homens, as afasta das relações sexuais e, quiçá, evitem gravidezes indesejadas.

Já conhecíamos a mutilação genital feminina, com a excisão do clítoris. Sabemos agora que a mutilação mamária através de objectos ardentes e esmagamento é outra crueldade ao serviço da repressão sexual, dos preconceitos e das tradições tribais. Há que apertar e queimar com violência as maminhas das meninas púberes ou pré-púberes, às vezes durante meses de tortura, indiferentes às deformidades e à dor que causam, aos traumas psíquicos e destruição de tecidos, às queimaduras e deformidades.

Segundo a agência oficial de cooperação alemã GTZ, que denunciou esta atrocidade e luta contra ela, metade das meninas a quem despontam as maminhas antes dos nove anos são vítimas desta medonha crueldade, segundo El País, de 12/09/2011, artigo de Charo Nogueira, onde recolhi a informação relevante plasmada neste texto.

Perante esta inaudita barbaridade, comum na África Ocidental e com especial incidência nos Camarões, termino revoltado como comecei: «O horror nunca deixa de surpreender e agrava-se quando a superstição, o tribalismo, a fé e a tradição se conjugam».


Ponte Europa / Sorumbático
posted by Carlos Esperança
http://ponteeuropa.blogspot.com/

Importa-se de repetir ?


http://rprecision.blogspot.com/

Perfumes de Abril

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Carta a anibal.

Exmo. Sr. Presidente da República, Dr. Aníbal Cavaco Silva,

o meu nome é Catarina Patrício, sou licenciada em Pintura pela
Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, fiz Mestrado em
Antropologia na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da
Universidade Nova de Lisboa, sou doutoranda em Ciências da Comunicação
também pela FCSH-UNL, projecto de investigação "Dissuasão Visual:
Arte, Cinema, Cronopolítica e Guerra em Directo" distinguido com uma
bolsa de doutoramento individual da Fundação para a Ciência e
Tecnologia. A convite do meu orientador, lecciono uma cadeira numa
Universidade. Tenho 30 anos.

Não sinto qualquer orgulho na selecção de futebol nacional. Não fiquei
tão pouco impressionada... O futebol é o actual opium do povo que a
política subrepticiamente procura sempre exponenciar. A atribuição da
condecoração de Cavaleiro da Ordem do Infante Dom Henrique a jogadores
de futebol nada tem que ver com "a visão de mundo" (weltanschauung)
que Aquele português tinha.

A conquista do povo português não é no
relvado. Sinto orgulho no meu percurso, tenho trabalhado muito e só
agora vejo alguns resultados. Como é que acha que me sinto quando vejo
condecorado um jogador de futebol? Depois de tanto trabalho e
investimento financeiro em estudos?!! Absolutamente indignada.

Sinto orgulho em muitos dos professores que tive, tanto no ensino
secundário como no superior. Sinto orgulho em tantos pensadores e
teóricos portugueses que Vossa Excelência deveria condecorar. Essas
pessoas sim são brilhantes, são um bom exemplo para o país...

fizeram-me e ainda fazem querer ser sempre melhor. Tenho orgulho nos
meus jovens colegas de doutoramento pela sua persistência nos estudos,
um caminho tortuoso cujos resultados jamais são imediatos, isto numa
contemporaneidade que sublinha a imediaticidade. Tenho orgulho até em
muitos dos meus alunos, que trabalham durante o dia e com afinco
estudam à noite....

São tantos os portugueses a condecorar...
e o Senhor Presidente da República condecorou com a distinção de
Cavaleiro da Ordem do Infante Dom Henrique jogadores de futebol... e
que alcançaram o segundo lugar... que exemplo são para a nação? Carros
de luxo, vidas repletas de vaidades... que exemplo são?!

apresento-lhe os meus melhores cumprimentos,


Catarina

(@ recebido por mão amiga)

estamos a passos disto...

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

sábado, 10 de setembro de 2011

Pobres de espirito, isentos de taxa !


Ceci n'est pas un riche

Quando se trata de taxar grandes fortunas os analistas tornam-se filosóficos: mas o que é um rico?, perguntam.

O recente debate sobre política fiscal é tão interessante quanto intrincado. Pergunta-se: quem tem mais deve contribuir mais? Eis um daqueles dilemas de solução impossível. Tirando o sentido de justiça e o mais elementar bom senso, não há nada que nos ajude a tomar uma posição definitiva.

Devem os ricos pagar mais impostos do que os outros? É uma questão complexa. Arrebanhar metade do 13.º mês acima do salário mínimo é incontroverso, mas quando se trata de taxar grandes fortunas os analistas tornam-se filosóficos: mas o que é um rico?, perguntam. Parece tratar-se de um conceito vago e populista, comentam, com admirável prudência intelectual.

Fazia falta um destes analistas no versículo 24 do capítulo 19 do Evangelho segundo São Mateus. Quando Jesus dissesse que é mais fácil um camelo entrar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus, o analista havia de contrapor: "Mas, Senhor, o que raio é um rico? Abstende-vos de usar conceitos vagos e populistas." No entanto, Jesus Cristo, talvez por ser filho de quem é, pode dizer o que lhe apetece sem ser acusado de demagogia. Uma sorte que Jerónimo de Sousa não tem.

Na verdade, os analistas têm razão. A riqueza é um conceito vago. Tão vago que o homem mais rico de Portugal conseguiu dizer esta semana que não era rico. Ora, se o homem mais rico de Portugal não é rico, isso significa que em Portugal não há ricos, o que inviabiliza a criação de um imposto especial para eles. É impossível taxar quem não existe, como a direção-geral de impostos bem sabe - até porque já tentou.

Toda a gente conhece aquele poema do António Gedeão sobre Filipe II: o rei era riquíssimo (passe a imprecisão e o populismo) e tinha tudo. Ouro, prata, pedras preciosas. O que ele não tinha, diz o último verso, era um fecho éclair. Américo Amorim tem tudo, incluindo um fecho éclair. Talvez não tenha vergonha, mas também vem a calhar: nem criando um imposto sobre a vergonha o apanham.

Américo Amorim constitui, por isso, um mistério tanto para a fiscalidade como para a teologia. Sendo o homem mais rico de Portugal, talvez não entre no reino de Deus. No entanto, na qualidade de pobre de espírito, tem entrada garantida.

Ler mais: http://aeiou.visao.pt/ceci-nest-pas-un-riche=f621069#ixzz1XXHiW9K7
Ricardo Araújo Pereira
6:51 Quinta feira, 8 de Set de 2011