sexta-feira, 30 de abril de 2010

HUMANOS - Muda de vida

Claude Monet

Vampiros

Não podemos perder mais tempo

Hoje acordámos mais pobres. É isso que acontece
a cada assalto contra a qualidade da nossa dívida,
levado a cabo pelos “especuladores”, ou manipuladores
de mercado, como mais exactamente lhes devíamos
chamar. Pior, a cada agravamento dos juros
a pagar, mais difícil será trazê-los de regresso para
valores razoáveis.

Imagine que, ainda há um mês, o banco estava disposto
a conceder-lhe crédito a taxa de juro de 3% e
ontem lhe enviava uma carta a avisar que deixara
de o considerar um cliente de risco razoável, pelo
que a taxa a cobrar-lhe, no futuro, passaria para o
dobro (a rondar os 6%!). Foi mais ao menos isso que
nos aconteceu ontem, como país.

Mais uma vez, não adianta fechar a porta ao carteiro
ou vociferar contra os bancos. Já fi zemos isso
durante as últimas semanas.

Há sete dias, falei-vos do fogo que exigia combate
imediato e um esforço conjunto de todas as corporações.
Já tínhamos, então, os vizinhos reformados
do FMI a avisar-nos do perigo. Chamámos-lhes alarmistas
e incompetentes e dissemos que a asneira
era livre… Perdemos a derradeira semana.

Hoje, fi nalmente, às 11h00, os chefes das duas principais
corporações de bombeiros reúnem-se em S.
Bento para, em conjunto, avaliar as medidas de
combate ao fogo. Esperemos que encontrem um
processo expedito e que o comandante, em Belém,
não deixe de os incentivar à reunião de esforços.

Se perdermos mais tempo, só restarão as cinzas no
rescaldo.
Graça Franco
http://mediaserver.rr.pt/rr/others/1077647486ddd1.pdf

Jà não era sem tempo

A Bélgica proíbe os véus integrais

O parlamento belga votou ontem favoravelmente a proibição dos véus integrais. Passa a ser crime uma pessoa apresentar-se em locais públicos com «a cara coberta ou dissimulada total ou parcialmente, de tal forma que não seja identificável». A pena por infracção será uma multa ou mesmo a prisão de um a sete dias.


Evidentemente, a lei é motivada pela escalada do islamismo radical - do qual os véus são a bandeira e o instrumento. A lei pretende ser um sinal de que não é aceitável o papel reservado para as mulheres nas interpretações mais fundamentalistas do Islão. De que a igualdade de direitos entre homens e mulheres não é restrita às mulheres brancas ocidentais. E de que o respeito pela liberdade individual não significa tolerar o aprisionamento de mulheres em prisões ambulantes.

Escrevi abundantemente sobre este assunto, por exemplo aqui, ali e acolá. Há testemunhos de mulheres muçulmanas e ex-muçulmanas que defendem a proibição. E das que são espancadas por o retirar. Devem ser ouvidas.

Mas o melhor é mesmo dar a palavra a uma proponente da lei. A Associação República e Laicidade publicou, também ontem, a tradução de um artigo de uma deputada belga de origem muçulmana chamada Fatoumata Sidibé. Leia-se: «Declaro que o véu é o símbolo de um projecto político totalitário».

por Ricardo Alves
http://esquerda-republicana.blogspot.com/

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Magritte

Cavalo à Solta - Mafalda Arnauth

Sub...sidios

O Governo vai limitar o subsídio de desemprego a um máximo de 75% do último salário líquido recebido.

A partir de agora o subsídio de desemprego só pode atingir um máximo 75% do último salário. Este tecto máximo não existia.

A ministra do Trabalho propôs hoje aos parceiros sociais, que o montante mensal dos subsídios de desemprego não possa ser superior a 75% do valor líquido da remuneração de referência.

Helena André afirma que estas medidas têm como objectivo relançar os desempregados no mercado de trabalho.

O secretário-geral da UGT, João Proença, reagiu hoje à saída da reunião com o Governo falando no "reforço da empregabilidade" no "combate à fraude" e na "criação de postos de trabalho", sem explicar a posição da central sindical relativamente à limitação do subsídio de desemprego.

"Este não é o caminho" garantiu a CGTP pela voz de Arménio Carlos que adiantou que esta central sindical não admite nada que vá no sentido da restrição ou redução do subsídio de desemprego.

Patronato diz que a proposta do Executivo é "equilibrada e razoável". Para o presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), João Vieira Lopes, "mais importante do que a redução do subsídio de desemprego é acelerar o regresso dos desempregados ao mercado do trabalho".

Outras alterações importantes dizem respeito ao emprego conveniente, sendo que o salário mínimo está garantido.

A fiscalização a quem usufrui de subsídio de desemprego também vai aumentar.
Diàrio de Noticias

De mao a piao

@d3÷l€‰]å±£ß√¯∂å

As agências de rating pedem um resgate. A Europa lava daí as suas mãos. Os governantes portugueses fazem o quê? Malham na arraia-miúda. Como é que hoje Sócrates-Coelho reagiram à descida no rating? Restrições na prestações sociais e no acesso ao subsídio de desemprego.

Isto anda cheio de animais ferozes.

Como dizia Carrère, “O governo português bem pode ser comparado a uma criança a quem o medo dos açoites torna humilde, obediente, dócil, submissa e rastejante diante do mestre, e que, por sua vez, se vinga do constrangimento e das humilhações que sofre nos seres mais fracos, que, por não lhe poderem resistir, lhe fazem as vontades”. Mas isso era em 1796.

Publicada por joana amaral dias

quarta-feira, 28 de abril de 2010

A cantiga é uma arma

Perseguição miserável




O juiz Baltazar Garzón enfrenta em Espanha uma perseguição miserável.

É o revanchismo por parte dos derrotados da História, os adeptos mais ou menos disfarçados de turvas ditaduras. Toda a sua vida profissional, Garzón foi um homem de grande coragem que enfrentou poderes ocultos, cumplicidades do passado mais tenebroso, fazendo-lhes frente. Mais do que isso, Garzón deu a milhões de pessoas, por todo o mundo, uma réstia de esperança para crer na justiça. Talvez nem ele próprio se aperceba da dimensão que adquiriu e do símbolo em que se transformou: o símbolo da vitória da justiça sobre a grande injustiça dos fascismos, da opressão, da repressão surda ou sangrenta.

O juiz Baltazar Garzón tem um largo passado. Mas foi uma acção do presente que espoletou a ofensiva brutal que com contra ele foi desencadeada e que tem em vista impedi-lo de exercer a magistratura. O momento preciso em que a ofensiva foi desencadeada identifica quem se mexe nas sombras por detrás da acção contra o magistrado. Garzón estava a mexer numa ferida que a sociedade espanhola sempre procurou mitigar com paninhos quentes: a questão dos desaparecidos na guerra civil e no franquismo. Os escrupulosos bonzos que saltaram dos seus cadeirões, e que nunca usaram o Direito para que se fizesse justiça, querem travar a investigação do juiz Baltazar Garzón. Ao mesmo tempo, na rua, manifestações falangistas evocam os tempos em que a "justiça" era cometida por manifestantes fanáticos e arbitrários em cenas de linchamento.

Num momento particularmente sensível da História, com uma crise financeira a galopar sobre o fundamentalismo capitalista, a ofensiva contra o juiz Garzón prefigura um inquietante regresso ao passado. Foi com estas e outras que surgiram e se impuseram os fascismos.

joaopaulo.guerra@economico.pt

terça-feira, 27 de abril de 2010

Terreiro do papa

Três santinhos



cavaco,socrates e costa,de joelhos perante a visita do chefe de estado que vem para dar missa.

Até quando se vai misturar igreja e Estado ?
Chega de Vassalagem e beatice!

Festa é festa

Republica das bananas

PAÍS DE DOIDOS

Só num país de doidos o parlamento ganha o dinheiro dos contribuintes para saber se o primeiro-ministro sabia de uma coisa que todos sabiam, só num país de idiotas a extrema esquerda está tão empenhada em provar que uma afirmação da líder da direita era verdadeira, só num país de passados é que os cidadãos são sujeitos a interrogatórios sem regras em que os deputados mais parecem cabos de esquadra.
http://jumento.blogspot.com/

Chagall

Jacques Brel

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Eles votam

(enviado por uma amiga)

Portugueses

Um amigo meu comprou um frigorífico novo e, para se livrar do velho, colocou-o em frente do prédio, no passeio, com o aviso: "Grátis e a funcionar. Se quiser, pode levar".

O frigorífico ficou três dias no passeio, sem receber um olhar dos passantes. Ele chegou à conclusão que as pessoas não acreditavam na oferta. Parecia bom de mais para ser verdade e mudou o aviso: "Frigorífico à venda por 50,00"

No dia seguinte, tinha sido roubado!

Cuidado! Este tipo de gente vota!
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Ao visitar uma casa para alugar, o meu irmão perguntou à agente imobiliária para que lado era o Norte, porque não queria que o sol o acordasse todas as manhãs.

A agente perguntou: "O sol nasce no Norte?"

Quando o meu irmão lhe explicou que o sol nasce a Nascente (aliás, daí o nome) e que há muito tempo que isso acontece, ela disse: "Eu não estou actualizada a respeito destes assuntos".

Ela também vota!
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Trabalhei uns anos num centro de atendimento a clientes em Ponta Delgada - Açores. Um dia, recebi um telefonema de um sujeito que perguntou em que horário o centro de atendimento estava aberto. Eu respondi: "O número que o senhor discou está disponível 24 horas por dia, 7 dias por semana."

Ele então perguntou: "Pelo horário de Lisboa ou pelo horário de Ponta Delgada?"

Para acabar logo com o assunto, respondi: "Horário do Brasil."

Ele vota!
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Um colega e eu estávamos a almoçar no self-service da empresa, quando ouvimos uma das assistentes administrativas falar a respeito das queimaduras de sol com que tinha ficado, por ter ido de carro para o litoral.

Estava num descapotável, por isso, "não pensou que ficasse queimada, pois o carro estava em movimento."

Ela também vota!
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A minha cunhada tem uma ferramenta salva-vidas no carro, para cortar o cinto de segurança, no caso de ficar presa nele. Mas guarda a ferramenta no porta-bagagens !

A minha cunhada também vota!
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Uns amigos e eu fomos comprar cerveja para uma festa e notámos que as grades tinham desconto de 10%. Como era uma festa grande, comprámos 2 grades.

O caixa multiplicou 10% por 2 e fez um desconto de 20% ...

Ele também vota!
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Saí com um amigo e vimos uma rapariga com uma argola no nariz, ligada a um brinco por meio de uma corrente. O meu amigo disse: "Será que a corrente não dá um puxão no nariz, cada vez que ela vira a cabeça?"

Expliquei-lhe que o nariz e a orelha de uma pessoa permanecem à mesma distância, independentemente da pessoa virar a cabeça ou não.

O meu amigo também vota!
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Ao chegar de avião, as minhas malas nunca mais apareciam na área de recolha da bagagem. Fui então ao sector da bagagem extraviada e disse à funcionária que as minhas malas não tinham aparecido.

Ela sorriu e disse-me para não me preocupar, porque ela era uma profissional treinada e eu estava em boas mãos. "Agora diga-me uma coisa, perguntou ... o seu avião já chegou?"

Ela também vota!
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Numa pizzaria, quando estava à espera de ser atendido, vi um homem a pedir uma pizza para levar para casa. Estava sozinho, e o empregado perguntou se ele preferia que a pizza fosse cortada em 4 pedaços ou em 6.

Ele pensou algum tempo, e respondeu: "Corte em 4 pedaços; acho que não estou com fome suficiente para comer 6 pedaços."

Isso mesmo, ele também vota!
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Agora já sabem QUEM elege os políticos !... e que políticos nós temos !!!

Caetano Veloso

Vermelho sobre azul

Mães e filhas da madrugada


Em honra das mães e filhas da madrugada

Não há mágoas nem queixas ou indignações, frustrações, rancores e revoltas que apaguem o significado e a profundidade das mudanças de 24 para 25 de Abril de 1974. Mas não vou gastar latim retórico a enumerar os indicadores da mudança pois ia-vos enfadar sem conseguir ser exaustivo. Escolho, por isso e neste dia, apenas uma provocação simbólica: imaginam as damas, as senhoras, as jovens e as adolescentes que só pelo 25 de Abril se tornou possível saírem à rua e ocuparem espaços públicos sem serem mandadas, impedidas, molestadas ou incomodadas? Não sejam modestas em demasia, minhas caras concidadãs, vocês foram, sobretudo por mérito vosso (pois claro), a conquista menos corroída, porque mais estrutural, daquela madrugada.

Publicado por João Tunes às 02:30
http://agualisa6.blogs.sapo.pt/

È assim em Espanha



Marchas de apoio ao Juiz Baltasar Garzón: - homenagens às vitimas do franquismo!

Manifesto lido na emblemática Puerta del Sol no final da marcha de apoio a Baltasar Garzón, realizada no último sábado, em Madrid:

MANIFIESTO 24 DE ABRIL DE 2010

"Justicia no es sólo una palabra hermosa.
La justicia es una condición imprescindible de la dignidad humana.
La justicia es también calor, fraternidad, solidaridad con quienes han sufrido la implacable injusticia del terror.
La sociedad civil ha salido esta tarde a la calle, en toda España, para asumir la causa de las víctimas del terror franquista, y para reivindicar la dignidad de los centenares de miles de hombres y mujeres que dieron su vida por la libertad y por la democracia de nuestro país.

Hoy, tantos años después, somos conscientes del precio que ellos pagaron para que podamos reunirnos libre y pacíficamente en esta plaza, en su nombre y en el de libertad, la justicia y la democracia.
Por encima de los tecnicismos, de las argucias legales y los laberintos jurídicos, queremos afirmar que hoy, una vez más, es la dignidad de las víctimas del franquismo lo que está en juego. Las consecuencias de un proceso que, en democracia, ensucia su memoria, desprecia el dolor de sus hijos, de sus nietos, y condena las aspiraciones de justicia de cientos de miles de famílias españolas, van mucho más allá del propio proceso.

Esta causa podría interpretarse, y así lo ha hecho la prensa extranjera, como una lamentable prueba de la minoría de edad de la democracia española, un estado que treinta y cinco años después de la desaparición del dictador, sigue acusando los efectos del terror indiscriminado al que Francisco Franco recurrió para tiranizar a los españoles durante cuatro interminables décadas.
Que diversas iniciativas judiciales de organizaciones de extrema derecha, hayan logrado paralizar la investigación de los crímenes del franquismo, representa un escándalo sin precedentes en la historia reciente de nuestro país, que repugna a la naturaleza esencial de los principios democráticos y nos devuelve a la noche
oscura de los asesinos.

Nadie puede ignorar que los 113.000 cadáveres que, todavía hoy, siguen enterrados en cunetas y descampados, son la prueba de un proceso de extermínio sistemático de una parte de la población, que sólo puede entenderse como un crimen contra la Humanidad.

Nadie puede admitir que el deseo de los hijos y los nietos, de las viudas que quieren recuperar los restos de sus seres queridos, para devolverles la dignidad que les arrebató una muerte injusta y reivindicar la memoria de su lucha por la libertad y por la democracia, pueda ser objeto de delito.

Nadie puede siquiera comprender que un estado democrático impute un delito de prevaricación a un juez que ha asumido los principios de verdad, justicia y reparación de las víctimas, por aplicar en España la doctrina del Derecho Penal Internacional que, hace unos años, le permitió actuar contra crímenes semejantes
cometidos en países como Argentina o Chile.

Los crímenes contra la Humanidad no pueden ser amnistiados y no prescriben jamás.

La ley de Amnistía de 1977, preconstitucional, no puede prevalecer sobre la propia Constitución, ni sobre los tratados y acuerdos internacionales suscritos por nuestro país en materia de Derechos Humanos.
España no puede continuar siendo una excepción para la Justicia española.

Hoy, en esta tarde de abril, la sociedad civil está en la calle para reivindicar la madurez de nuestra democracia y para hacer suya la causa de las víctimas del franquismo. El impulso democrático que desembocó en la aprobación parlamentaria de la Ley de Memoria Histórica debe continuar, y profundizarse para impedir que en el futuro se reproduzcan hechos tan vergonzosos como el auto del juez Varela.

En solidaridad con las víctimas, por la justicia universal y la dignidad
democrática de España:
¡No a la impunidad!
¡Investigar los crímenes del franquismo no es delito!"

(versão original em castelhano)
http://ponteeuropa.blogspot.com/

Foi assim... no Chile

CAMIONISTAS VOLTAM A FAZER CHANTAGEM SOBRE O PAÍS


«Vinte mil camiões ameaçam bloquear as estradas, "do Norte ao Sul do País", em "qualquer dia" depois de 10 de Maio, em protesto contra os elevados preços do gasóleo e a introdução de portagens nas Scut. A greve durará até o Governo "satisfazer as nossas exigências", garante a Associação Nacional das Transportadoras Portuguesas (ANTP), ontem reunida em Rio Maior.

"Vamos repetir o cenário de 2008, mas de forma mais longa", garante António Lóios, secretário--geral da ANTP, sem comentar o facto de a data da paralisação coincidir com a visita do Papa Bento XVI a Portugal (entre dias 11 e 14). "Lamentavelmente fomos forçados a chegar a este ponto. Não queríamos, mas não nos resta outra alternativa." E os 150 associados ontem presentes em Rio Maior garantem que a "esmagadora maioria" das 14 mil empresas de transportes do País, uma frota de 59 mil camiões, "vão aderir" à paragem.» [DN]

Parecer:

Depois de eliminarem as margens numa concorrência desenfreada os camionistas querem que sejam os contribuintes a pagar-lhes os impostos.
http://jumento.blogspot.com/

Foi bonita a festa, pà

domingo, 25 de abril de 2010

36 Anos

Acordar com a mãe a dizer 'há uma revolução'. ter dez anos mas saber que é bom uma revolução. gritar, pular na cama. a mãe ri mas assusta-nos: 'não gritem, o vizinho do primeiro andar é da união nacional'.

televisão o resto do dia. homens de farda, o eládio clímaco (era ele, não era?) e o fialho gouveia. aquelas cortinas no fundo, as cadeiras à frente, gente a ler discursos com cara séria, o spínola. saber quem é o spínola: dias a falar dele por causa do livro, em casa e na escola. 'deixem lá estar o tomás que até tem jeito para aquilo', disse no pátio, ainda ontem, uma miúda da minha turma. não: o tomás não fica.

o largo do carmo. francisco sousa tavares em cima de uma árvore. soldados em cima de tanques em pose, cravos, uma alegria nova, deslumbrada. nunca mais a gnr na rua de sabre ao alto, nunca mais ter medo de cantar zeca afonso, nunca mais ter medo de gritar revolução por causa do vizinho da união nacional. esquecer este nome: união nacional. esquecer a voz de marcelo e de tomás, esquecer as fitas cortadas nas inaugurações (porquê fitas cortadas?), a música sobre as imagens, sempre a mesma. descobrir os partidos e os autocolantes e as discussões políticas, descobrir que todos temos opiniões sobre tudo, que agora depende de nós -- de nós, sem 'eles' -- e que desta vez é que é de vez, desta vez é que não falha.

não falhou -- seja o que for que se sinta, pense e diga, seja qual for o grau de indiferença que agora acolha esta ideia. magnífica ideia, magnífico dia. o esplendor de tê-lo vivido.

Fernanda Câncio

Queixa das Almas Jovens Censuradas

sábado, 24 de abril de 2010

25 de Abril

Sexy

Nova e... sem roupa

Amor Combate

Amor combate, poema de J. Pessoa


Meu amor que eu não sei. Amor que eu canto. Amor que eu digo.
Teus braços são a flor do aloendro.
Meu amor por quem parto. Por quem fico. Por quem vivo.
Teus olhos são da cor do sofrimento.

Amor-país.
Quero cantar-te. Como quem diz:
O nosso amor é sangue. É seiva. É sol. É Primavera.
Amor intenso. amor imenso. amor instante.
O nosso amor é uma arma. É uma espera.
O nosso amor é um cavalo alucinante.

O nosso amor é pássaro voando. Mas à toa.
Rasgando o céu azul-coragem de Lisboa.
Amor partindo. Amor sorrindo. Amor doendo.
O nosso amor é como a flor do aloendro.

Deixa-me soltar estas palavras amarradas
para escrever com sangue o nome que inventei.
Romper. Ganhar a voz duma assentada.
Dizer de ti as coisas que eu não sei.
Amor. Amor. Amor. Amor de tudo ou nada.
Amor-verdade. Amor-cidade.
Amor-combate. Amor-abril.
Este amor de liberdade.

VIVA O 25 DE ABRIL !

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Playing For Change - Fannie Mae

Par(a)lamentar

A qualidade do PS

Indignação incontível foi o que senti ao ouvir a réplica do deputado Ricardo Rodrigues na AR ontem, ao ser-lhe notada a ausência de envolvimento de João Cravinho na elaboração das propostas de leis contra a corrupção que o PS fez votar.
Ricardo Rodrigues lamentou não poder contar com quem preferia o remanso de "exílios dourados".

Mas não foi Ricardo Rodrigues um dos deputados do PS que mais empurrou João Cravinho para o exílio, ao inviabilizar todas as propostas que o mesmo João Cravinho apresentou com vista a um combate eficaz contra a corrupção?

Mas como é que o deputado Ricardo Rodrigues se permite tentar achincalhar publicamente, no plenário da Assembleia da República, e para gáudio das bancadas da oposição, um homem da dimensão ética e política de João Cravinho, com créditos firmados na história do PS e da democracia em Portugal?

Muito gostaria de ver o Secretário-Geral do PS distanciar-se deste desaforo. Se o não fizer, então a qualidade da democracia em Portugal está mesmo muito pior do que pensa, com razão, o Presidente Jorge Sampaio. É que a qualidade da democracia neste país se mede muito pela qualidade do PS.

"Ana Gomes" (Causa Nossa)

Dali

Brincalhão

Quem é o pai ?

Queixa das almas jovens censuradas

Natália Correia, in "O Nosso Amargo Cancioneiro"

Dão-nos um lírio e um canivete
e uma alma para ir à escola
mais um letreiro que promete
raízes, hastes e corola

Dão-nos um mapa imaginário
que tem a forma de uma cidade
mais um relógio e um calendário
onde não vem a nossa idade

Dão-nos a honra de manequim
para dar corda à nossa ausência.
Dão-nos um prémio de ser assim
sem pecado e sem inocência

Dão-nos um barco e um chapéu
para tirarmos o retrato
Dão-nos bilhetes para o céu
levado à cena num teatro

Penteiam-nos os crâneos ermos
com as cabeleiras das avós
para jamais nos parecermos
connosco quando estamos sós

Dão-nos um bolo que é a história
da nossa historia sem enredo
e não nos soa na memória
outra palavra que o medo

Temos fantasmas tão educados
que adormecemos no seu ombro
somos vazios despovoados
de personagens de assombro

Dão-nos a capa do evangelho
e um pacote de tabaco
dão-nos um pente e um espelho
pra pentearmos um macaco

Dão-nos um cravo preso à cabeça
e uma cabeça presa à cintura
para que o corpo não pareça
a forma da alma que o procura

Dão-nos um esquife feito de ferro
com embutidos de diamante
para organizar já o enterro
do nosso corpo mais adiante

Dão-nos um nome e um jornal
um avião e um violino
mas não nos dão o animal
que espeta os cornos no destino

Dão-nos marujos de papelão
com carimbo no passaporte
por isso a nossa dimensão
não é a vida, nem é a morte

Papa em Portugal, não, obrigado.

Cristina Branco

Sinal dos tempos

Caça miuda.

Fazer política a crédito

Com os recursos gastos resta aos governos, governos regionais e autarcas fazer política a crédito, isto, é uma boa parte das promessas eleitorais e das medidas adoptadas só são viáveis no pressuposto de que alguém as vai pagar já que não há dinheiro. As despesas correntes do Estado consomem uma boa parte dos recursos e com os períodos de recessão ou de estagnação cada vez mais frequentes e dilatados não é assegurar que as receitas fiscais são suficientes.
A favorecer esta situação está a falta de transparência das contas do Estado e a falta de cultura senão mesmo a falta de valores de cidadania. A nossa cultura de cidadania é o salve-se quem puder, cada um desenrasca-se como pode esperando que sejam os outros a pagar a factura. As contas do Estado são opacas, manipuláveis e como se tem visto no apuramento dos défices do Estado com alguns governos são mesmo aldrabadas.

Os portugueses insistem em não perceber que tudo o que conseguem do Estado é financiado pelos impostos e até são ajudados por políticos pouco escrupulosos que os apoiam nas exigências mais absurdas, cada grupo corporativo quer obter ganhos sabendo que são outros que os ganham, cada região defende investimentos sabendo que esses recursos fazem mais falta a outras regiões.

A opacidade das contas públicas chega ao extremo de, de vez em quando, ser necessário recorrer a grupos técnicos para apurar o verdadeiro défice, tais são as operações, de encobrimento e manipulação dos números. No caso das autarquias esta realidade ainda é mais grave pois essas contas não são alvo do escrutínio a que são sujeitas as contas da Administração Central. Sem um parlamento digno desse nome e com a comunicação social a focar a sua atenção no governo os autarcas beneficiam de uma verdadeira cortina que encobre a má gestão dos municípios. Isso garante-lhes que não perdem as eleições mesmo que estejam a levar as autarquias à falência e quando perdem as eleições ficam tranquilos pois deixam as contas em tal estado que os que lhes sucederem pouco ou nada poderão fazer durante o mandato, foram eleitos para pagar as contas deixadas pelos antecessores.

Não admira que o país viva constantemente em sobressalto com as contas públicas, em Portugal os políticos gastam o que têm e o que não têm, fazem política a crédito, uma boa parte das suas propostas e das medidas que adoptam são financiadas por dinheiro alheio. Por outro lado parece que os eleitores pouco se preocupam com isso, desde que consigam ficar com a maior fatia têm a sensação de que serão os outros ou, na pior das hipóteses, a dívida será partilhada por todos. Até porque não se sabendo quanto se gastou ou vai gastar não será possível determinar quem foram os cidadãos, empresas, grupos corporativos ou regiões que obtiveram mais benefícios em resultado desta bandalhice colectiva.

É urgente adoptar sistemas de contabilidade que assegurem a transparência total de todas as contas públicas, criar indicadores que permitam determinar quem são os grandes beneficiários dos devaneios dos governantes e exigir destes que expliquem de onde virá o dinheiro para executar o que prometem ou de onde veio o dinheiro que financiou as suas medidas.

Não é aceitável que os nossos políticos continuem a fazer política a crédito levando o país a sucessivas crises financeiras, limitando-lhe severamente as possibilidades de desenvolvimento.

O Jumento

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Laico arcaico

Viver num Estado laico significa uma coisa muito simples, aliás explicitada pelo primeiro-ministro há um mês, em declarações aquando da cerimónia dos 25 anos da mesquita de Lisboa: "Um princípio fundamental na acção do Governo é o respeito absoluto pela liberdade religiosa e pela neutralidade do Estado face à crença religiosa de cada cidadão." Traduzindo, o Estado laico não se mete em assuntos religiosos.

Sucede que este se mete, e muito. A maior parte das pessoas talvez nunca tenha reparado que o Estado português "reconhece" confissões. A lei da liberdade religiosa, de 2001, estabelece que só confissões radicadas (estruturadas no território nacional há mais de 30 anos ou "no estrangeiro" há mais de 60) ou "inscritas" beneficiam de devolução do IVA e podem ser incluídas na listagem das entidades beneficiárias da consignação de 0,5% do IRS dos contribuintes e isentas de pagamento de IMI no que respeita a edifícios de culto, aceder ao contingente de professores de Religião e Moral, participar na Comissão de Liberdade Religiosa e celebrar casamentos com efeitos civis. Acresce que mesmo entre as confissões reconhecidas o Estado estabelece distinções. Há a Igreja Católica (IC) e há "as outras". E de tal modo assim é que com esta, na sua forma "estatal" - esse "país" chamado Vaticano, ou, para quem creia, "Santa Sé"-, o Estado até faz tratados. Que consistem em duas coisas: assumir os seus próprios cidadãos como súbditos do outro Estado e atribuir, em consonância, privilégios aos respectivos representantes.

De acordo com esta visão tão neutral "das crenças religiosas de cada cidadão" e apesar de uma Constituição que desde 1976 estabelece a separação rigorosa, o Estado mantém símbolos religiosos católicos nas escolas públicas - manutenção que o primeiro Governo de maioria socialista reiterou, desmentindo, logo em 2005, qualquer intenção de os retirar -, atribui nomes católicos a equipamentos (incluindo os que são só projecto, como o futuro hospital lisboeta "De Todos os Santos"), assegura o monopólio da assistência religiosa paga aos católicos (remoçado, ainda que sob disfarce, numa lei de Setembro de 2009) e concede tempo de antena nos media públicos, com dignidade de representantes do Estado, a dignitários católicos.

A atribuição de tolerância de ponto aos funcionários públicos aquando da visita do Papa, que de acordo com notícias publicadas em Março foi "negociada" com a hierarquia da IC portuguesa, é pois apenas mais uma manifestação da peculiar noção que o Estado português - e neste caso o Governo em funções (como de resto a generalidade dos partidos, à excepção tímida do BE) - tem do que significam "princípios fundamentais": é conforme calha. Desta vez, logo por azar (ou sorte?) calhou no ano do centenário da República. Deus não dorme.


Fernanda Câncio

Olho vivo

Vamos brincar à cabra cega ?

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Mau maria

Pilhas em opção.

credo

No reino de deus.

Submarino ao fundo

Problema de portas.

Pub

Assim até eu.

Zeca Afonso - Cantiga dos Bravos

Promessas

Prometo não voltar a fazer...

terça-feira, 20 de abril de 2010

Jacques Brel

Cada vez mais mansos

Coragem não é dizer o que se pensa, coragem é pensar o que se diz.


25 de Abril

Mais um ano de democracia , e eu, à espera de melhor Democracia.