sábado, 23 de outubro de 2010

Coelhices


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Passos num beco Por Daniel Oliveira

Pedro Passos Coelho conseguiu transformar uma situação política que tinha tudo a seu favor num jogo em que perde sempre. Começou por dar todos os sinais que chumbaria o orçamento. Todos pensaram que era bluff. Ou que, pelo menos, Passos Coelho tivesse na manga uma proposta de orçamento de austeridade (pois se é isso que ele defende) alternativa a esta. Nunca deu qualquer sinal de a ter.

Começou por dizer que com aumento de impostos nada feito. Ninguém acreditou. Depois os aumentos de impostos podiam ser apenas um bocadinho. Ninguém acreditou. Agora os aumentos de impostos podem ser um bocadinho e o governo não tem de aceitar tudo. E quanto aos cortes na despesa para compensar a coisa, nada que de concreto.

Passos Coelho tem de se decidir: ou é a favor de um orçamento de austeridade ou é contra. Ou defende o Estado Social que repentinamente apareceu na sua boca e é contra os cortes nas prestações sociais, na educação e na saúde ou não faz demagogia inconsequente. Ou considera que os sacrifícios estão mal distribuídos e tem a coragem de propor outros sacrificados ou aceita este ataque aos mais pobres. O que já não se aguentam são flique-flaques à retaguarda.

Uma coisa é certa: Passos Coelho já perdeu. Perde o partido e os senhores que podem ajudar o partido a chegar ao poder se votar contra o orçamento. Perde a face e a credibilidade se o viabilizar. E foi ele que escolheu este beco sem saída em que se enfiou. Ou é mal de quem quer fazer bluffs e não sabe como, ou é mal de quem se faz de forte e não sabe que é fraco.

Texto escrito no Expresso Online

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