sábado, 3 de julho de 2010

Cavaquinho


A reincidência de Cavaco nas eleições presidenciais

Há algo de surrealista neste mandato presidencial que se encaminha para o fim. Não se pode estranhar a falta de perfil para o cargo de quem sempre se definiu como economista e chegou ao topo da hierarquia do Estado por mérito político e não pela competência do contabilista.

Conhecia-se-lhe o desprezo pela cultura, a falta de mundo e de leituras, a ambição de se fotografar com Papas e de explicitar a fé, mas desconhecia-se do que era capaz em Belém.

Ainda hoje é uma nebulosa a maquiavélica conspiração contra o primeiro-ministro com notícias urdidas na sua Casa Civil e cujo esclarecimento é uma obrigação para quem insiste num segundo mandato. Desconhecia-se-lhe a avidez pelas reformas acumuladas ao vencimento que, embora legais, se tornaram obscenas no período catastrófico que o País atravessa.

Quiçá, da avidez nasceu o nebuloso negócio das acções da SLN com mais valias pouco claras. Saber quem convidou o cidadão Aníbal Cavaco Silva para comprar acções de uma empresa não cotada e quem o aconselhou a vendê-las com 150% de mais valias, no mesmo dia em que a filha tomou idêntica decisão, não é coscuvilhice, é um direito dos eleitores a conhecerem as relações do PR com a alta finança que fugia ao fisco e à ética e exibia a opulência em Lisboa e os depósitos nos paraísos fiscais.

Há um módico de exigência a que devemos submeter os presumíveis candidatos a Belém e tempo suficiente para uma oferta mais diversificada.

by Carlos Esperança
Ponte Europa / Sorumbático

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